Você está numa boa assistindo seu programa favorito. Na parte mais importante e interessante, vem o break comercial. De repente, letras gigantes caem e fazem um barulho estrondoso como um portão que alguém bate com força; alguém fala insistentemente que vende mais barato e cobre o preço da concorrência. O preço que era x caiu pra y e não é só isso: o preço y é parcelado em tantas vezes sem juros, com primeiro pagamento só daqui a 90 dias. Você fica de saco cheio daqueles 3 minutos de break (que mais pareceram 3 horas), e resolve desligar a TV.
Vem a idéia de sair, tomar um chopp, encontrar os amigos, o paquera. No caminho para chegar ao local de encontro, você é atropelado, soterrado por panfletos, flyers e tantas outras coisas de papel que insistem para que você o aceite. Sem contar os amplificadores em portas de lojas que gritam tudo aquilo que já foi dito na TV. “Eu vendo mais barato”, “Preço baixo é aqui”, “Venha conferir a queda dos preços”, “Fulano ficou doido e cortou os preços pela metade”.
Aí você pensa: “devia ter ficado em casa. Pelo menos, ouviria isso só uma vez.” Quem nunca foi vítima das ações e estratégias de varejo, que atire a primeira pedra. Quem nunca pensou em proibir estas propagandas? Certamente, todo mundo que precisa trafegar por grandes avenidas, como a Avenida Anhanguera, da capital goianiense.
Imagine as ruas livres, tranqüilas e com um barulho nada incômodo. Imagine você, andando pelas ruas do centro da cidade sem ter que pegar um panfletinho por educação; entrar no seu carro e ver seu pára-brisa limpo e livre de todos os flyers, adesivos e afins. Maravilhoso, não é?
Mas para e pensa: como seria andar numa cidade assim? Como seria comprar numa cidade onde ninguém disputaria sua atenção e seu dinheiro? Como seria uma cidade sem o pessoal dos panfletos? Como você iria saber que foi vantajoso comprar o computador que te permite ler este texto, sem olhar a concorrência? Sem olhar os panfletos? Sem que alguém gritasse “aqui é mais barato”?
Sim, ele pode ser chato, ensurdecedor e às vezes, insuportável. Até eu, que sou publicitária, me irrito com certas coisas que ele faz. Mas tenho a certeza de que a vida sem ele seria muito, muito monótona! Um viva para o varejo: irritante, mas essencial!