9 de julho de 2019

Um breve (e sincero) papo sobre amizade e maternidade


Eu tinha uns 18 anos quando uma amiga me contou: “miga, tô grávida!”. Éramos muito novas para entender a magnitude da notícia. Ela estava assustada e cheia de medos diante da gravidez não planejada e eu não sabia o que fazer. Quem me conhece sabe que eu tenho as minhas amigas como irmãs de alma e, como uma irmã, eu busco todas as formas possíveis de ajudá-las. A gente leva muito a sério a palavra irmandade.

Muitas mães reclamam das amigas que se afastam depois que os filhos nascem. Eu quase fui uma dessas pessoas. Não julgo quem faz isso (até porque quem sou eu pra fazer isso), mas é inegável a transformação que uma gravidez promove nas amizades. E é nessa hora que amigas - que assim como eu, não passaram pela experiência da gravidez - tem duas alternativas: afastar ou se tornar parte da rede de apoio. Eu escolhi a segunda alternativa e não me arrependo nem um pouco. Graças a essa escolha, vivi as experiências mais loucas e intensas da minha vida.


Eu e a minha afilhada num dia de muito puxão e amor <3 

Quando eu falo de uma rede de apoio, falo de um grupo de pessoas que estão ali prontas para dar algum tipo de amparo para a mãe de um bebê. Muita gente pensa que ser rede de apoio é apenas paparicar a criança. Não é bem assim. É demonstrar a sua amizade nos mais singelos gestos, que vão desde ficar com o bebê para que a mãe tome um banho demorado até acompanhar o bebê no hospital. 

A imagem pode conter: Ana Luiza Oliveira, sorrindo
Heitor na época que não falava que era grande e cochilava no meu colo

Desde que o Gabriel nasceu (o filho da minha amiga), eu aprendi muito sobre maternidade e também sobre bebês. Minha relação com crianças mudou muito e para melhor. Quase todas as minhas amigas são mães e eu sou grata por esse baby boom ao meu redor. São tantas crianças que até criei um clube, o #ClubinhoDaTiaAnaLu. Foi convivendo com essas crianças maravilhosas que me tornei madrinha - que é uma das coisas que eu mais amo ser na vida! E foi me colocando nesse papel de apoiadora que vi minhas amigas se tornarem mulheres incríveis. Maternidade é um ato de bravura, principalmente num país como o nosso em que a maternidade quase sempre é tratada como uma punição para a mulher.

Gabriel, o primeiro membro do #ClubinhodaTiaAnaLu


Se você está na mesma situação que eu, deixo aqui algumas dicas para que você possa apoiar a sua amiga nesse momento: a maternidade.

1 - Busque informações

É muito importante que você tenha informações sobre a situação. Já ouviu falar sobre episiotomia? Exame de toque? Colostro? BLW? Leia mais sobre gravidez para que você não seja mais um dando palpite com base em achismos e informações ultrapassadas. Aqui na web tem vários canais legais sobre maternidade - como a Hel Mother e o canal Tiago&Gabi.

2 - Escute a sua amiga

Se antes as conversas envolviam relações amorosas ou problemas familiares, agora os papos serão sobre exames, data provável do parto, fraldas e similares. Lembra do tópico 1? Ele é fundamental aqui pois quando sua amiga falar sobre isso, ela terá certeza que tem alguém que confia para ouví-la.

3 - Se ofereça para acompanhá-la em consultas e exames

Os rolês mudam e aceitar isso é o que resta. Vá com a sua amiga em uma consulta ou para fazer o ultrassom. Que tal tirar um dia com a amiga para comprar roupas e acessórios para o bebê? Acompanhar também é dar apoio.

4 - Grávidas não falam só de gravidez

Pode soar paradoxal essa parte, mas é importante se preparar para falar de gravidez e bebês também para falar sobre outras coisas. Falar sobre outros assuntos também ajuda. Mães também gostam de uma fofoca,tá? #FicaaDica

5 - Respeite as escolhas

Pelo amor de qualquer coisa nessa vida, não seja a pessoa que desrespeita as decisões de uma mãe. Se a mãe optou por não dar doces para as crias ou se ela escolheu banhar a criança com Nutella, ela tem as razões para fazer isso. Ao menos que ela peça a sua opinião, respeite a escolha dela. Elas conhecem os próprios limites e os das crianças também. Não seja a pessoa que dá doce escondido para a criança ou que trata a grávida como se ela fosse um bibelô quando ela já se posicionou como uma amazona. E se ela quiser ser um bibelô,tá tudo bem também.


Espero ter ajudado!
Um grande abraço da tia e dinda mais feliz do mundo,


AnaLu Oliveira
@oliveiranalu

22 de agosto de 2018

Amizade tem poder, mas tem limites também. E tá tudo bem, Gaby

Eu amo o Twitter e tô sempre por lá. E foi numa dessas minhas idas por lá que me deparei com um tweet da cantora Gaby Amarantos (uma deusa <3) falando algo que causou polêmica. O tweet foi esse aqui ó

Eu - que sou uma pessoa apaixonada pelos meus amigos e muito amada por eles também - concordo e discordo dessa frase. Reconheço que meus amigos são capazes de coisas incríveis e poderosas pra garantir que tudo fique bem. Eu também não sou muito diferente deles nesse ponto. Uma das coisas que tive que aprender com a terapia foi justamente a ver que por mais amor que haja em uma relação, não se pode fazer tudo pelo outro. Nem mesmo as mães conseguem fazer isso. 



Relações saudáveis tem sim e não. Tem divergências. Tem limites. No post anterior, eu falei sobre rede de apoio e sobre como eu recebi ajuda na pós-separação. O que meus amigos e familiares fizeram por mim foi poderoso e a eles deixo aqui a minha eterna gratidão. Mas, o que eles fizeram não substitui o trabalho da minha terapeuta. E o que a minha terapeuta fez não substitui o carinho que recebi deles. 

Em uma das muitas sessões, minha terapeuta falou sobre isso. Ela disse "o amigo vai em um ponto, a terapia vai em outro. Um não anula o outro. Ambos são importantes para o processo". 



Eu acredito no poder da amizade. Ela tem poder mesmo e a Gaby tá certa em dizer isso. Mas, por mais poderosa que ela seja, nunca será capaz de fazer o que a terapia faz. A terapia não faz o que o amigo faz. Existem coisas que os amigos não estão preparados para ouvir ou entender. Tem coisas que os amigos não sabem lidar. E tá tudo bem nisso, gente. 


Até os terapeutas precisam de amigos (e também de terapeutas). Não misturem as coisas. Incentivem seus amigos a fazer terapia sempre que perceberem que algo não vai bem. Amem seus amigos mas reconheçam seus limites na hora de cuidar deles. Faça terapia também. Ame seus amigos. Amizade é poderosa sim. Mas ela não cura e não salva ninguém. 

Um grande abraço,

AnaLu Oliveira
@oliveiranalu

8 de agosto de 2018

Good Girls e a importância da rede de apoio

Salve salve, people linda do meu Brasil! Tudo bem? Cada login aqui é um poeirão que sobe pois tem sido difícil manter a devida frequência de postagem. Mas, hoje o post não é para chorar as pitangas nem pra falar sobre coisas tensas. Hoje eu quero falar sobre uma série 10/10 que fiquei fã: GOOD GIRLS. Produzida pela Netflix, Good Girls tem 10 episódios e conta a história de 3 mulheres que se envolvem com o crime para ajudar suas famílias. 



Não, Good Girls não é uma série que mostra drama ou 3 mulheres inocentes e abnegadas. São mulheres que descobrem uma nova face de si mesmas. Uma dona de casa que se descobre uma grande gestora, uma caixa de supermercado que se mostra uma excelente negociadora e uma garçonete que sabe gerenciar crises. Parece papo de administração de empresa, não é? Mas, o que mais gostei na série foi o quanto a união e empatia entre mulheres fez parte da narrativa. 

Cada uma delas enfrenta suas dificuldades enquanto mães e a frase que elas sempre falam é: "você é uma mãe incrível". Há várias questões delicadas que permeiam a relação destas mulheres com seus filhos (não vou dar spoiler aqui), mas elas estão sempre presentes e prontas para dar um abraço, uma palavra amiga e encorajadora. Sabe como é o nome disso? REDE DE APOIO! 

Via Delirium Nerd

O que é Rede de Apoio, Ana?


A primeira vez que ouvi esse termo foi num dos vídeos da Hel Mother (aqui é #HelFamily). Achei que era coisa exclusiva das mães que lutam pela desromantização da maternidade. Até o dia que eu ouvi a minha terapeuta falar sobre isso. Sobre a importância de se permitir ter uma rede de apoio. E foi aí que vi quem faz parte dessa rede. Rede de apoio é um grupo de pessoas que vão te ajudar e estar presente nas mais variadas situações.Tive mais clareza sobre a minha rede quando me separei. 

Quando falei para minha família e minhas amigas sobre o ocorrido. Ninguém sabia como eu estaria e como lidar com a situação. Mas, cada um trouxe comida. Minha mãe me deu uma lata de Leite Ninho (mesmo me criticando por consumir leite de vaca). Minhas amigas me trouxeram fofocas para me distrair. Uma outra amiga me trouxe batata frita. Note que cada um faz algo para contribuir com o todo. Não significa que estas pessoas só surgiram na hora que a coisa apertou. Elas sempre estiveram presentes, prontas para cuidar de mim. Eu só precisei me permitir ser cuidada para que essa rede de apoio se formasse na minha cabeça. Porque ela sempre existiu.

Porque gostei e recomendo Good Girls




Eu gosto muito de Good Girls por mostrar mulheres protagonistas e em posições nada submissas/subalternas.  Mas, gosto muito mais por ver essas cenas em que a rede de apoio se faz presente. Mulheres que apoiam mulheres. Mulheres que lutam por outras mulheres. Mulheres que se dispõem a ajudar outras mulheres antes de julgá-las. 

Via Delirium Nerd
Eu tenho uma rede de apoio formada por mulheres incríveis! Admiro cada uma delas e agradeço muito por tudo que elas fazem por mim. Espero que você tenha uma rede de apoio tão foda quanto a minha e quanto as mulheres em Good Girls também tem. Espero que você tenha amigas pra meter o loko e dizer não para as opressões machistas e misóginas.

Ahhh, assista essa série o quanto antes! Você não vai se arrepender!

AnaLu Oliveira
@oliveiranalu

26 de março de 2018

O que não dizer para quem está se separando (ou Manual para não ser um babaca)

Salve salve, people! Tudo bem com vossas excelências? Então, cá estou pronta para compartilhar uma das experiências mais doloridas que já vivi: a separação. Já tem alguns meses que separei e de lá pra cá ouvi muita coisa; algumas boas, outras nem tanto. E hoje resolvi reunir algumas coisas que eu ouvi,sobretudo nas primeiras semanas após a decisão mais difícil que tomei na vida.


1 - “Nossa, eu nunca imaginei vocês separados”




Por mais que hoje o divórcio não seja tão tabu quanto era décadas atrás, ninguém se casa
visando uma separação. Ninguém. A gente casa por acreditar que se unir àquela pessoa é
o melhor a ser feito, é por acreditar no futuro da relação. Isso envolve crenças, sentimentos,
energias e um monte de outras questões. Se quem tá fora da relação não imaginava o
casal separado, acredite: o casal também não imaginou isso.


2 - “Mas, não tem chance de vocês voltarem?”



Pelamooordequalquercoisa, não seja a pessoa que diz isso. É horrível. Decidir se separar não é uma coisa fácil. É um caminho tortuoso e dolorido demais pra pensar que “qualquer coisa, a gente volta”. Dói. E não é uma dor metáforica, é uma dor real. Divórcio não é simples e as pessoas que decidem se separar tem razões de sobra para isso. E para chegar até ela, com certeza, elas já devem ter tentado inúmeras coisas antes disso. Permanecer juntos não é uma alternativa.


3 - “Ah, mas ele não merecia você mesmo!”




Muita gente acha que esse tipo de coisa faz a gente se sentir melhor, mas não é bem assim que funciona. Afinal, você está se referindo a alguém que já foi amado pela pessoa que você quer que fique bem. E querendo ou não, é ruim ouvir isso pois o fato de você ter optado pela separação não significa que você não tenha bons sentimentos pelo ex-cônjuge. Principalmente, no começo. Por mais que as condições da separação não sejam as melhores, sugiro aqui que você fale do quanto a pessoa é incrível, fodástica e que ela terá o seu apoio. Isso é bem melhor e mais encorajador.


4 - “Logo logo, você arruma outra pessoa!”




Se você tem um pouco de bom senso, não profira essas palavras. Quando a gente se separa, leva
um tempo pra que a ideia de ter um novo relacionamento não cause medo ou dor.
Algumas pessoas demoram mais tempo, outras não precisam de muito tempo para dar este passo.
Mas, isso é um processo de cada um e respeitar isso é de extrema importância.
Não cabe a ninguém julgar quando é a hora do divorciado voltar às pistas.

Se você é a pessoa que tem enfrentado a separação, deixo aqui o meu abraço e todo o meu apoio.
É uma fase foda, mas vai passar.


Se você tem algum amigo ou familiar nesta situação, anote estas dicas e seja a pessoa que dará a
mão ao invés de apontar os dedos julgadores.


Um grande abraço,


AnaLu Oliveira

30 de dezembro de 2016

Sobre as lições de uma crise dos 30 em um 2016 muito loko!

Conturbado, intenso, surpreendente, fofinho, bizonho, maluco. Qualquer um destes adjetivos representa bem o meu 2016. Terminei meu mestrado, mudei de casa, cuidei de filhotes, enfrentei situações que jamais pensei que um dia viveria. Bati boca com quem deveria ter ouvido umas poucas e boas há muito tempo, reatei relações, mandei outros à merda. Mas, de todos os acontecimentos que rolaram em 2016, nada mexeu mais comigo do que o meu aniversário. E falo isso porque chegar aos 30 anos é um negócio de loko!



Perguntei pra muitos trintões como foi essa passagem e a resposta foi a mesma: "meu aniversário de 30 foi uma bosta!", "putz, eu tava mal quando fiz 30" ou coisa do tipo. Pra quem ainda não tem 30, isso pode soar como papo de gente fracassada ou de gente dramática (cancerianos?). Mas, não é. A crise dos 30 existe. E comigo não foi diferente. Me sentia a pessoa mais loser do planeta. A velha que não teve filhos. A que não tinha viajado. A que não tinha feito o que toda pessoa de 30 anos faz. E eu - que sempre fui a pessoa mais empolgada com aniversário - me vi chorando rios de lágrimas dias antes e até no meu 04/10. 


E no meio dessas lágrimas, vieram todas as situações que vivi e que eu ainda não superei (fazer o quê?). Os medos que surgiram e que eu tenho lidado. Os sonhos que ficaram pra trás. Os erros que cometi. Mas, veio também as coisas boas que vivi. A minha defesa de mestrado - que também foi um dia de muito choro, mas de alegria. O primeiro aninho do meu afilhado e a promoção do marido a padrinho da minha afilhada (tenho que falar sobre isso depois #pautas2017). A minha volta para a publicidade e a redescoberta do prazer em ser redatora. Nessa volta, conheci duas pessoas que só me confirmaram o quanto é bom estar aberta para novas experiências. 

Viver é bom, Braseeel. Com 30, 40 ou 100 anos. Viver é topar desafios, seja em 2016 ou em 2080. Eu ainda choro, ainda bate uma bad vez ou outra. Mas,se tem uma coisa que eu aprendi neste ano é que precisamos viver os momentos com verdade e coragem. É preciso encarar a realidade e não ter medo do que está ali diante dos nossos olhos. Eu sou uma mulher de 30,ansiosa pelo 2017 que vem aí. Loka para colocar meus planos em prática e ser feliz!

Beijos de luz,Braseeee!

AnaLu Oliveira
 

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